quarta-feira, março 08, 2006

31 - ...é quarta-feira, haja fogo outra vez

Campo de Santa Clara, Lisboa
anos 90 (milénio passado)


«É terça feira e a feira da ladra abre hoje às cinco da madrugada
E a rapariga desce a escada quatro a quatro
vai vender mágoas ao desbarato

vai vender
juras falsas
amargura ilusões
trapos e cacos e contradições

É terça-feira
e das
cinzas talvez
amanhã que é quarta-feira
haja
fogo outra vez

o coração é
incapaz
de dizer ''tanto faz''
parte para a
guerra
com os
olhos na
paz»

Sérgio Godinho

5 Comments:

Blogger António Almeida said...

às vezes o coração é isso mesmo... incapaz!

quinta-feira, março 09, 2006 2:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

puxas por mim.... e não resisto em responder... e a primeira coisa que me lembro é:
"o amor não é o bilhete de identidade
é eu ou tu, seja quem for, ter vontade
de mudar e deixar mudar"
Sérgio Godinho, 2º andar direito

quinta-feira, março 09, 2006 7:57:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

continuando com Sérgio:
«Não tenhas medo, não trago
Nem ódios nem espingardas
Trago a paz numa viola
Quase que não fui à escola
Mas aprendi nas estradas
O amor que te consola
Trago paz numa viola»

Romance de um dia na estrada

Maçã, "2º andar direito"? qual é o álbum ou o cd? (ai, que eu não percebo nada destas modernices, nem me lembro deste poema)

quinta-feira, março 09, 2006 9:09:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Pedro: A musica 2º andar direito foi lançada no album Pano cru em 74 ou 75 parece-me. è um alinda musica sobre encontros de um casal e um vizinho que conta a hitória... passo a transcrever a letra!

Ele vinte anos, e ela dezoito
e há cinco dias sem trocarem palavra
lembrando as zangas que um só beijo curava
e esta história começa no instante
em que o homem empurra a porta pesada
e entra no quarto onde a mulher está deitada
a dormir de um sono ligeiro

E no quarto, às cegas,
o escuro abraça-o como que a um companheiro
que se conhece pelo tocar e pelo o cheiro
e é o ruído que o chão faz que lhe traz
o gosto ao quarto depois de uma ruptura
faz-lhe sentir que entre os dois algo ainda dura
dos dias em que um beijo bastava

E agora, da cama
vem uma voz que diz sussurando: És tu?
e a luz acende-se sobre um braço nu
e a mulher pergunta: A que vens agora?
é que não sei se reparaste na hora
deixa dormir quem quer dormir, vai-te embora
amanhã tenho de ir trabalhar

Não fales, que o bébé ainda acorda
não grites, que o vizinho ainda acorda
e não me olhes, que o amor ainda acorda
deixa-o dormir, o nosso amor, um bocadinho mais
deixa-o dormir, que viveu dias tão brutais

E o homem de pé
parece um rapazinho a ver se compreende
e grita e diz que ele também não se vende
que quer a paz mas de outra maneira
e nem que essa noite fosse a derradeira
veio afirmar quer ela queira ou não queira
que os dois ainda têm muito que aprender
Se temos…! diz ela
mas o problema não é só de aprender
é saber a partir daí que fazer
e o homem diz: Que queres que eu responda?
Não estamos no mesmo comprimento de onda…
Tu a mandares-me esse sorriso à Gioconda
e eu com ar de filme americano

Somos tão novos, diz o homem
e agora é a vez de a mulher se impacientar
essa frase já começa a tresandar
é que não é só uma questão de identidade
é eu ou tu, seja quem for, ter vontade
de mudar ou deixar mudar

Não fales,…

E assim se ouviu
pela noite fora os dois amantes falar
e o que não vi só tive que imaginar
é preciso explicar que sou eu o vizinho
e à noite vivo neste quarto sozinho
corpo cansado e cabeça em desalinho
e o prédio inteiro nos meus ouvidos

Veio a manhã e diziam
telefona ao teu patrão, diz que hoje não vais
que viveste uns dias assim tão brutais
e que precisas de convalescença
sei lá, inventa qualquer coisa, uma doença
mete um atestado ou pede licença
sem prazo nem vencimento, se preciso for
(Espero que não seja preciso, porque não
sei como é que eles vão viver sem os dois salários…)
Vá fala, que o bébé está acordado
o vizinho deve estar já acordado
e o amor, pronto, também está acordado
mas tem cuidado, trata-o bem
muito bem, de mansinho
que ainda agora vai pisar outro caminho.

Gosto de muitas musicas de Sérgio, esta é uma delas.
Partilho.

sexta-feira, março 10, 2006 9:41:00 da manhã  
Blogger SP said...

E esta ... Sérgio, pois claro

"tu não me mandes assim para o fundo
tu não me mandes assim no meu mundo
tu não me dês beijinhos paternalistas
a dar nas vistas
a quem já te conhece tão bem"

Uma cantiga de amor

sexta-feira, março 10, 2006 4:16:00 da tarde  

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