segunda-feira, junho 23, 2008

138 - um gajo a quem chamaram carlos



Concelho de Cascais
Fevereiro de 2008
Um nome, os nomes têm importância, principalmente, quando Carlos quer dizer... morte.
A morte vive em nós desde que nascemos.
Toma duche connosco (podemos escorregar e partir os cornos).
(des)Faz a barba connosco (podemos ser acometidos de uma distracção e cortarmos a jugular).
Vai connosco de carro (podemos colidir ou colidirem em nós).
Almoça connosco (cogumelos manhosos).
A morte habita-nos.
Não temos preciso (expressão norte-alentejana) que nos matem, gajo que é gajo (gaja que é gaja, pronto) consegue auto-matar-se, uns com trabalho outros com prazer.
Carlos não pôde escolher, foi um republicano que o matou, num dia de infelicidade, nunca mais montou, nem sei se o farou, tal é a saudade.
Na primeira fotografia vemos Senhor Dom Carlos a olhar o mar, um cenário azul e branco, mar, nuvens, barcos e pessoas... tudo aquilo que amou, principalmente, o povo.
A rotunda D. Carlos I, não fica na vila de Cascais, aí as ruas têm nomes importantes: Avenida 25 de Abril, Rua Movimento das Forças Armadas, Rua da Boca do Inferno, Travessa do Guincho, na vila de Cascais poder-se-á infernizar, abrilar, guinchar ou movimentar mas rotundar D. Carlos, não.
D. Carlos queda-se encostado a uma parede branca (nos confins do concelho) acompanhado por um sulco semi-aberto (ou semi-fechado) chamado 69, electricidade, água e gás.
Por último vemos a dignidade em forma de memória que não morre, um homem que simboliza cada um de nós, um gajo que virou as costas à riqueza (os prédios de Cascais) com olhos abertos para o mar e para o sonho, com o peito aberto para as balas que o canciaram.
desde 2006.05.24
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