terça-feira, dezembro 07, 2010

145 - palavras no mar, tempestade na terra

Constância
Maio de 2008

SEBASTIÃO — Não vos embriagaríeis, por não terdes vinho para beber.
GONZALO — Não; na república faria tudo pelos seus contrários, pois não admitiria espécie alguma de comércio; de magistrados, nada, nem mesmo o nome; o estudo ficaria ignorado de todo; suprimiria, de vez, ricos e pobres e os serviços; contratos, sucessões, questões de terra, demarcações, cuidados da lavoura, plantação de vinhedos, nada, nada. Nenhum uso, também, de óleo e de vinho, trigo e metal. Ocupação, nenhuma. Todos os homens, ociosos, todos. E as mulheres, também; mas inocentes e puras. Faltaria, de igual modo, soberania...
SEBASTIÃO — Mas o rei era ele.
ANTÔNIO — Da república o fim esquece o início.
GONZALO — Todas as coisas em comum seriam, sem suor nem esforço, produzidas pela natura. Espadas, espingardas, facas, chuços, traições e felonias, eu não admitiria. A natureza produziria tudo por si mesma, só para alimentar meu povo ingênuo.
SEBASTIÃO — E casamentos, haveria entre eles?
ANTÔNIO — Não, meu caro senhor; vadios todos: vilãos e prostitutas.

A república, uma tempestade... nas palavras de WILLIAM SHAKESPEARE
desde 2006.05.24
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